HIEROCONFESSOR AGATÂNGELO, METROPOLITA DE YAROSLAV
Por Vladimir Moss
Tradução de Rafael Resende Daher
Metropolita Agatângelo, no mundo Alexandre Lavrentyevuch Preobrazhensky, nasceu no dia 27 de Setembro de 1854, no vilarejo de Mogila, Venevsky uyezed, província de Tula, na família de um padre. Após terminar a escola teológica em 1871, entrou no Seminário Teológico de Tula, e depois, em 1877 (segundo outra fonte, 1876), na Academia Teológica de Moscou.
Após obter graduação na Academia em 1881, graduado como professor de teologia, Alenxadre foi nomeado professor de Latim no dia 15 de Julho de Escola Teológica de Rannerburgo. No dia 7 de Dezembro de 1881, ele foi nomeado assistente supervisor do Seminário Teológico de Skopno. Em 7 de Março de 1885, após a morte de sua esposa e filho, ele foi tonsurado com o nome Agatângelo. No dia 10 de Março do mesmo ano foi ordenado ao sacerdócio. No dia 7 de Dezembro de 1886 (segundo outra fonte, 4 de Dezembro), foi nomeado inspetor do Seminário Teológico de Tomsk com a promoção ao grau de Igúmeno, e no dia 20 de Janeiro (segundo outra fonte, 23 de Fevereiro ou 28) de 1886 – reitor do Seminário Teológico de Irkutsk com promoção à posição de arquimandrita. Em 10 de Setembro de 1889, Pe. Agatângelo foi consagrado Bispo de Kirensk, o segundo vicariato da diocese do Monastério da Ascenção de Irkutsk. No dia 17 de Julho de 1893, foi nomeado bispo de Tobolsk, e no dia 4 de Abril de 1897 (segundo outra fonte, 4 de Outubro) – bispo de Riga. Em 6 de Maio de 1904, foi nomeado arcebispo. Aqui ele demonstrou ser um bispo liberal e humano: graças a seu esforço, um vários jovens condenados à morte por uma corte militar foram salvos. Ele esteve presente no Santo Sínodo e foi membro do Concílio Pré-Conciliar. No dia 13 de Agosto de 1910, foi eleito arcebispo de Vilnius e Lituânia e santo arquimandrita do Monastério Espírito Santo de Vilnius. Em 22 de Dezembro de 1913, foi apontado arcebispo de Yaroslavl, e em Abril de 1917 promovido Metropolita. Vladyka gostava do carinho do clero e dos leigos da diocese de Yaroslavl, que governou por muitos anos. A partir de 1917 tornou-se membro permanente do Santo Sínodo, e no dia 28 / 11 de Dezembro de 1917 – metropolita. No dia 25 de Janeiro de 1918, o Patriarca Tikhon o nomeou candidato ao locum tenanci patriarcal após o Metropolita Cirilo de Kazan. Em 6 de Março de 1918, foi eleito membro do Alto Concílio da Igreja. Durante a Guerra Civil o povo de Yaroslav se rebelou contra os bolcheviques, e como Metropolita Agatângelo temia o resultado numa forma de um derramamento de sangue fratricida, ele nunca abençoou os insurgentes. A revanche dos vitoriosos bolcheviques foi terrível, mas eles não tocaram no Metropolita, pois sua autoridade era muito grande. Entretanto, segundo outras fontes, ele foi exilado em 1919. Em Maio de 1922 o Patriarca foi preso. Devido o fato do primeiro candidato ao posto patriarcal locum tenes, o Metropolita Cirilo estar no exílio, ele passou a administração da Igreja ao Metropolita Agatângelo no dia 3/16 de Maio. Porém, nesta época o movimento cismático renovacionista tomou o poder administrativo da Igreja em Moscou, e enviou o Protopresbítero Krasnitskyto à Yaroslavl para negociar com o metropolita. Ele colocou várias condições diante do patriarca canônico que buscava colocar em completa dependência dos renovacionistas. Naturalmente, o metropolita rejeitou essas condições. Então Krasnitsky retornou à Moscou e os renovacionistas espalharam rumores que o metropolita estava ocupado “com os seus próprios casos” e “não estava trabalhando” no comando Patriarcal.
Levitin e Shavrov escreveram: “O comportamento do Metropolita Agatângelo parecia completamente inaceitável se não fosse por um detalhe: durante um mês E.A. Tuchkov e o Metropolita Agatângelo conduziram negociações secretas. E.A. Tuchkov, considerado pela Alta Adminsitração da Igreja (renovacionista) o maior apoiador das negociações com os renovacionistas, expressou o desejo de se separar o mais rapidamente possível desta insólita instituição (ADI) e apoiar Agatângelo. Entretanto, o Meetropolita seria obrigado a declarar uma renúncia à linha política do Patriarca Tikhon. Após meses de negociação, vendo que nenhum progresso havia sido feito, o Metropolita Agatângelo endereçou à Igreja Russa um apelo (5 de Junho/18 de 1922. N 214) que foi impresso por algumas editoras secretas e distribuído rapidamente em Moscou e outras cidades. E.A. Tuchkov foi pego de surpresa. A ADI estava chocada. O Metropolita Agatângelo foi imediatamente preso e enviado ao exílio, na região de Narymsk. Porém, o aparecimento deste apelo demonstrou o caminho sem princípios de V.D. Krasnitsky que encontrava grande oposição nos círculos eclesiásticos”.
Em 5/18 de Junho, Agatângelo publicou uma epístola em que ele aceitava o locum tenanci patriarcal e disse o seguinte sobre a igreja viva: “Vocês declararam suas intenções em rever os dogmas e o ensinamento moral da nossa Fé Ortodoxa, os santos cânones dos Santos Concílios Ecumênicos, a ordem Ortodoxa dos nossos Serviços Divinos que nos foi entregue por grandes ascetas de piedade Cristã, e organizar desta maneira uma nova Igreja que vocês chamam de 'Igreja Viva Amada no Senhor o Reverendíssimo Arquipastor'! Sendo privados por um tempo da alta liderança, você deve agora governar suas dioceses de maneira independente, de acordo com as Escrituras, os cânones da Igreja e a lei comum da Igreja, de acordo com a sua consciência e seu objetivo arquipastoral, preservando o ensinamento, os postos e as ordens da nossa fé, preservando tudo que nos foi entregue, guardando com firmeza da Igreja de Deus. Saiba que todos que deixam a Santa Igreja abandonam o Nosso Salvador. 'Assim, pois, irmãos', disse o apóstolo 'ficai inabaláveis e guardai firmemente as tradições que vos ensinamos, de viva voz ou por carta'". Quando o metropolita publicou esta epístola, ele foi colocado imediatamente sob prisão domiciliar em Yaroslavl (no dia 22 de Agosto). No outono foi encarcerado na prisão da GPU em Moscou, e no dia 25 de Novembro foi condenado ao exílio por três anos. Em 28 de Novembro foi transferido para Taganka, e em 28 de Dezembro foi exilado no remoto lugarejo de Tomi (segundo outra fonte, Kolpashevo), região de Narymsk, província de Tomsk, Sibéria, onde foi encontrado mais tarde por sua sobrinha, Alevtina Vladimorovna Preobrazhenskaya. Em 25 de Dezembro / 7 de Janeiro, o Patriarca Tikhon nomeou o Metropolita Agatângelo como o segundo locum tenens patriarcal. Em 1926, ao retornar do exílio, ele foi enviado para uma prisão em Perm, onde, no dia 5/18 de Abril, anunciou que estava em dúvida sobre o locum tenens patriarcal, e ele estava certo. Mas o Metropolita Sérgio (Stragorodsky) resistiu a ele, e no dia 27 de Maio / 12 de Junho, o Metropolita Agatângelo submeteu-se a Sérgio “pela salvação e paz da Igreja”. Em 1926 retornou à Yaroslavl. Entretanto, por volta do fim de 1927, ele escreveu uma carta ao Bispo Paulo de Starobela, chamando Sérgio de “um usurpador do poder eclesiástico”. E formou o chamado “grupo de Yaroslavl”, que declarou rompimento da comunhão com o Metropolita Sérgio em 24 de Janeiro/ 6 de Fevereiro de 1928. Embora em Maio deste ano, provavelmente sob a influência de Tuchkov, que estava em Yaroslavl nessa época, ele demonstrou alguma moderação em sua atitude em relação a Sérgio, seu grupo permaneceu de fato com autocefalia até a sua morte, resguardando-se no direito de não aceitar qualquer instrução que “ofenda o consciência do nosso povo, e como acreditamos, transgridem os cânones da Igreja”. Entretanto, há evidência de que o Metropolita Agatângelo quebrou a comunhão com Sérgio novamente no verão. Em Setembro de 1928, ele escreveu uma Epístola Pastoral contra o Metropolita Sérgio.
Segundo o Schema-Bispo Pedro, o Metropolita Agatângelo o aconselhou para caso se o os Metropolitas Agatângelo, Cirilo, Pedro e José morressem, que ele buscasse o Metropolita Antônio (Khrapovitsky), presidente da Igreja Russa Fora da Rússia, que era um opositor do Metropolita Sérgio. Quando o Metropolita Sérgio o escreveu requisitando que o metropolita não quebrasse a comunhão com ele e não entrasse na Igreja da Catacumba, o Metropolita Agatângelo respondeu com um silêncio ensurdecedor. Que o Vladyka Agatângelo nunca se reconciliou com o Metropolita Sérgio é afirmado por sua sobrinha, A.V. Preobrazhenskaya.
O Metropolita Agatângelo morreu em Yaroslavl (segundo outra fonte, Kineshma) em 3/16 de outubro de 1928, e foi enterrado no cemitério da cidade de Leontiev.
(Fontes: M.E. Gubonin, Akty Svyatejshego Tikhona, Patriarkha Moskovskogoi Vseya Rossii, Moscow: St. Tikhon's Theological Institute, 1994, pp. 813, 834-835; Bishop Ambrose (von Sievers), "Istoki i svyazi Katakombnoj Tserkvi v Leningrade i obl. (1922-1992)", report read at the conference "The Historical Path of Orthodoxy in Russia after 1917", Saint Petersburg, 1-3 June, 1993; "Katakombnaya Tserkov': 'Kochuyushchij Sobor 1928 g.", Russkoye Pravoslaviye, N 3 (7), 1997, pp. 20, 30; Russkiye Pravoslavnye Ierarkhi, Paris: YMCA Press, 1986; Boris Cherniykh, "Tainstvennij Sunduchok", Grani, 180, 1996; "Svedeniya o Novomuchenikakh v sovremennoj pechati", Pravoslavnaya Rus', N 23 (1572), December 1/14, 1996, pp. 5-6, 15; Lev Regelson, Tragediya Russkoj Tserkvi, 1917-1945, Moscow: Krutitskoye patriarsheye podvorye, 1996, pp. 582-583; Za Khrista Postradavshiye, 1917-1956, Moscow: St. Tikhon's Theological Institute, 1997, pp. 32-37; I.I. Osipova, "Skvoz' Ogn' Muchenij i Vody Slyoz", Moscow: Serebryanniye Niti, 1998, pp. 115, 272; M.V. Shkarovsky, "Istinno-Pravoslavniye na Ukraine", Pravoslavnaya Zhizn', 48, N 9 (585), September, 1998, p. 12)